Steve Gorman, Joey Roulette
Dois dias após o Starship falhar ao reentrar na atmosfera terrestre, o fundador da SpaceX, Elon Musk, afirmou que o megafoguete deve fazer sua primeira viagem não tripulada a Marte no fim de 2026.
Ele apresentou um cronograma detalhado de desenvolvimento da Starship em um vídeo publicado nesta quinta-feira (29) pela SpaceX, um dia depois de anunciar sua saída do governo de Donald Trump, no qual comandou uma tumultuada campanha para reduzir a burocracia governamental.
O bilionário havia dito anteriormente que planejava reduzir seu papel no governo para dedicar maior atenção aos seus vários negócios, incluindo a SpaceX e a fabricante de carros elétricos e baterias Tesla.
Musk reconheceu que seu cronograma mais recente para chegar a Marte tem um porém: o Starship precisa conseguir cumprir uma série de feitos técnicos em seus testes de voo, entre os quais uma manobra de reabastecimento pós-lançamento na órbita da Terra.
O final de 2026 coincide com uma janela estreita que ocorre a cada dois anos, quando Marte e Terra se alinham ao redor do Sol. Assim, a viagem entre os dois planetas seria mais curta. A distância levaria de sete a nove meses para ser percorrida por uma nave espacial.
A empresa tem 50% de chance de cumprir esse prazo, nas contas do fundador. Se o Starship não estiver pronto até lá, a SpaceX deve esperar mais dois anos antes de tentar novamente, sugeriu Musk no vídeo.
A ideia é que o primeiro voo para Marte transporte um ou mais robôs Optimus, fabricado pela Tesla. Somente o segundo e o terceiro voo levariam humanos.
Para Musk, no futuro, de 1.000 a 2.000 Starships seriam lançados rumo a Marte a cada dois anos para estabelecer um assentamento humano permanente e autossustentável.
Antes de tudo isso, a Nasa pretende usar o Starship para transportar humanos até a superfície da Lua. Essa missão, como parte do programa Artemis, está prevista para 2027. Um voo tripulado para o planeta vermelho viria em algum momento da década de 2030.
Antes, o mesmo Musk havia dito que pretendia enviar um veículo SpaceX não tripulado para Marte em 2018. Outra meta era lançar a primeira missão tripulada para lá em 2024.
Na última terça-feira (27), era esperado que o bilionário fizesse uma transmissão ao vivo, transmitida pela internet, sobre o “caminho para tornar a vida multiplanetária”. Isso seria antes do novo voo de teste do Starship. Depois, a previsão era que a apresentação ocorresse após o lançamento.
No fim, a transmissão acabou cancelada sem aviso depois que a Starship perdeu o controle e se desintegrou cerca de 30 minutos após o lançamento e na metade de sua trajetória de voo. O veículo não conseguiu alcançar alguns dos objetivos de teste mais importantes.
Dois voos de teste anteriores, em janeiro e março deste ano, também fracassaram. Nas duas ocasiões, a nave explodiu momentos após a decolagem, espalhando destroços sobre partes do Caribe e forçando dezenas de aviões comerciais a mudar de rota como precaução.
Musk minimizou o último contratempo na terça-feira com uma breve publicação no X, dizendo que produziu muitos “bons dados para analisar” e prometendo aumentar o ritmo de lançamentos para os próximos voos de teste.