O sargento da reserva Adjorge Freitas do Nascimento, de 54 anos, adorava viajar e reunir a família em casa. O companheiro de aventuras era o filho e motorista de ônibus, Cristiano Silva do Nascimento, de 33, que sempre fez questão de levar o pai para onde fosse.
Em um período de uma semana, os planos de uma próxima viagem juntos foram interrompidos pela Covid-19. Pai e filho morreram no Instituto de Traumatologia e Ortopedia do Acre (Into), em Rio Branco, onde estavam internados na capital acreana.
Ao G1, a Secretaria de Saúde do Acre informou que aguarda a certidão de óbito para confirmar a causa da morte do sargento. Caso seja confirmado, o óbito deve sair no próximo boletim.
Cristiano Silva não resistiu à doença e morreu no último dia 22. Já o sargento faleceu nesta segunda-feira (29). Pai e filho eram muito unidos, quase inseparáveis, moravam juntos na Comunidade Liberdade, na BR-364.
“Eram muito apegados, unidos. Eles moravam juntos, acabaram pegando. Adjorge não sabia que o filho estava lá [no Into] internado porque tinha alguns problemas de saúde e a gente não tinha contado. Ele estava internado esperando o resultado do exame, mas passou mal e foi entubado. A gente acha que ele sentiu, os dois eram muito unidos” disse a nora do sargento, Ivaneide Rodrigues do Nascimento.
A Polícia Militar do Acre (PM-AC) soltou nota lamentando a morte do militar e do filho dele.
Internações
O primeiro a apresentar os sintomas do novo coronavírus foi o motorista de ônibus. Ele passou alguns dias internado na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Segundo Distrito de Rio Branco, mas piorou e foi levado para o Into.
A transferência e piora do quadro clínico do filho não foi comunicada para o pai. Com problemas no coração e rins, a família quis poupar o militar com medo de ele passar mal.
“Cristiano passou uns 15 dias internado no Into. Não tinha nenhuma doença, mas após a internação teve problemas com a diabetes e pressão alta”, contou Ivaneide.
Após alguns dias, o sargento foi levado para o Into enquanto aguardava o resultado do exame. Segundo a nora, o militar não sabia que estava internado no mesmo hospital que o filho.
“Não sabia que o filho estava lá internado porque tinha alguns problemas de saúde e não contamos para ele. Não enxergava bem, tinha feito quadro cirurgias no coração”, relembrou.
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Enterro foi na tarde desta terça-feira (30) — Foto: Gisele Almeida/Rede Amazônica
Na tarde desta terça (30), a família se reuniu para se despedir do sargento. Abalados, os familiares tentam achar força para superar a dor e ausência.
“A mãe do Cristiano está muito abalada. O marido vivia doente há muito tempo, mas o filho perdeu de uma hora pra outra. Estão todos muito abalados, só Deus para dar força”, concluiu.
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